25.5.08

Filosofia Medieval


Há quem defina a Filosofia Medieval como:

“uma tentativa prolongada para incluir harmoniosamente Platão, Aristóteles e o Cristianismo numa mesma perspectiva”. MAGEE, Bryan – História da Filosofia

"Se entendermos a filosofia medieval neste sentido evidentemente lato, a sua interpretação poderá ser-nos útil dado não estamos delimitados às limitações cronológicas que simbolizam as quedas do Império Romano quer no ocidente, quer no Oriente. O Cristianismo pode ser considerado o mote do poema que constitui toda a idade média. Se nos restringirmos aos critérios que balizam a idade média entre os anos 476 e os anos 1453, corremos o risco de considerar Santo Agostinho um pensador exclusivamente clássico. Ora, como sabemos o cristianismo foi também a pedra angular do pensamento deste autor. Por isso, consideramos como essenciais para a caracterização da idade média, o cristianismo e, como veremos, o Aristotelismo e o Platonismo que esquecidos por longos séculos vêm trazer uma nova aragem ao pensamento que se desenvolvia por volta do século XII.

Devido à subsequente ascensão da ciência, a filosofia medieval tem sido injustamente negligenciada nos séculos mais recentes, com a excepção dos eruditos católicos romanos. Como veremos ela merece uma atenção cuidadosa. "
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"Comummente a filosofia medieval parece dividir-se em dois grandes períodos: a patrística e a escolástica.

A Patrística é a designação atribuída à filosofia elaborada pelo Padres da Igreja, ou seja, os pais fundadores de grande parte da teoria cristã. Os Padres da Igreja, foram autores cristãos dos primeiros séculos da nossa era, considerados de grande importância, em matéria de fé, para o cristianismo. A princípio, os Padres da Igreja, usaram conceitos retirados do estoicismo e do platonismo anterior a Plotino.
Entre os Padres da Igreja destaca-se a figura de Santo Agostinho: foi considerado o doutor do Ocidente e é, sem dúvida, um dos pilares fundamentais da filosofia cristã. Gregório Magno e Boécio são outros nomes que também influenciaram a forma do pensamento ulterior. Para Gregório a fé responde às interrogações religiosas, enquanto a ciência trata das questões da natureza. Anício Mânlio Severino Boécio, autor da Consolação da Filosofia, é considerado como o último pensador romano e o primeiro escolástico. A sua pessoa representa a passagem da Antiguidade à Idade Média.

A Escolástica era essencialmente uma palavra para usava para designar os professores que ensinavam as sete artes liberais – gramática, dialéctica, retórica, aritmética, geometria, música e astronomia – nas escolas catedralícias ou monacais fundadas por Carlos Magno.
A filosofia escolástica iniciou-se no século IX com o renascimento carolíngio e prolongou-se até finais do século XV. A idade do ouro da escolástica teve lugar entre os anos 1200 e 1340. Este período de ouro caracterizou-se pela descoberta da totalidade da obra de Aristóteles, pelo nascimento das universidades e pelo nascimento das ordens mendicantes. As características deste sistema filosófico podem resumir-se em três pontos.
O primeiro corresponde à tentativa de união entre a ciência e a fé: as questões filosóficas encontravam resposta através da razão, e sobretudo da fé. A disputa entre estes dois domínios era o tema de discussão principal. O segundo refere-se à decisiva influência de Aristóteles, cuja linguagem técnica foi utilizada. O terceiro ponto relaciona-se com o método escolástico que consistia na leitura pública de um livro, e na realização de uma discussão sobre essa leitura.
O método escolástico era concluído com uma autoridade ou sentença, que se baseava na Sagrada Escritura, na patrística ou nos concílios. Não podemos dizer, no entanto, que haja uma doutrina que defina a escolástica. A dialéctica era o meio mais poderoso para o método da discussão. A arte dialéctica consiste em raciocinar através de diálogos sobre um tema proposto, fazendo uso da lógica. Era utilizada enquanto técnica ou procedimento metódico. A lógica de Aristóteles foi fundamental para o seu desenvolvimento.
Durante esta época surgiu um confronto entre dialécticos e antidialécticos. Os dialécticos construíam os seus diálogos baseando-se unicamente na filosofia e partiam da razão como único fundamento da verdade. Os antidialécticos subordinavam tudo à teologia e só admitiam o uso da filosofia se estivesse submetida à teologia."

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